data-filename="retriever" style="width: 100%;">De lá para cá, em viagem, trago comigo alguns livros para ler ou reler. O que agora tenho em minhas mãos - O General Flores da Cunha e a Revolução Paulista, editado em 1933 nas oficinas gráficas da "A Federação" - leva-me de volta ao passado.
Conheci seu neto, Flávio Flores da Cunha Bierrenbach, em São Paulo, no início dos anos 1950. Tínhamos 12 ou 13 anos. Sua mãe era amiga de minha mãe e nos encontramos a primeira vez em sua casa. Depois, os anos passando, inúmeras e seguidas vezes. A partir do final dos anos 1950, participando de encontros do grupo de amigos que se reunia diariamente em uma esquina da rua Barão de Itapetininga com a Praça da República - a "turma da esquina". Anos depois, em Brasília, onde fomos magistrados em dois tribunais. Mais recentemente em uma solenidade lá nas Arcadas do Largo de São Francisco, nossa querida Faculdade de Direito, eu repetindo a tradicional saudação aos calouros, a respeito da qual escrevi aqui mesmo, na edição do dia 2 de março de 2017.
Muito antes disso, muito, menino ainda, ouvi meu pai contando coisas e mais coisas, sempre coisas boas do avô do Flávio. José Antonio Flores da Cunha, interventor federal, depois presidente eleito e senador pela nossa terra. Permitam que eu me repita: onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor!
O livro que tenho entre as mãos é extremamente interessante. Flores da Cunha recusou o convite que lhe foi feito pela Frente Única Riograndense para chefiar, no Rio Grande do Sul, o movimento revolucionário que explodiu em São Paulo no dia 9 de julho de 1932. Por conta disso, um tribunal de honra foi constituído para se pronunciar sobre a sua conduta e, no dia 28 de abril de 1933, lavrou decisão subscrita por Dom João Becker, Manoel André da Rocha, Heitor Annes Dias e José de Almeida Martins Costa Júnior. Nela se lê a afirmação de que - em todas as graves situações que se lhe deparam, quer diante do chamado "secretariado paulista", quer ante o inopinado movimento revolucionário de 9 de julho de 1932, em seu reflexo no Rio Grande - ele se conduziu, sempre, rigorosamente conforme os dictames (sic) da dignidade pessoal e do cargo que exercia.
Maravilhosamente, diante do computador agora - O General Flores da Cunha e a Revolução Paulista em minhas mãos - dou-me conta de que a internet é notável! De cá onde hoje estou, nela de repente encontro trechos de um livro de Artur Cesar Isaia publicado em 1998, Catolicismo e Autoritarismo no Rio Grande do Sul. Um livro no qual a política castilhista, o catolicismo, Dom João Becker e Flores da Cunha são relembrados! Atravesso o tempo e o oceano, de repente de volta aos anos 1930. Flávio e seu avô comigo, aqui em Paris.